quarta-feira, 19 de março de 2008

Dia do Pai vive-se no dia do pai afectivo e não biológico


19 | 03 | 2008 08.57H

São José tinha muita pinta, e às vezes parece que certa Igreja se esquece do que representa simbolicamente a Sagrada Família: uma mãe adolescente, com a coragem de enfrentar a gravidez, e a educação de um filho, contra toda a má língua da vizinhança, baseada apenas na sua imensa Fé; Deus, um pai «biológico», que confia a guarda de Maria e do seu filho Jesus a um pai adoptivo. E José Carpinteiro, que assume o papel de verdadeiro pai até ao fim. 2008 anos depois, não pode ser por acaso (mas, talvez passe mais por um desígnio celeste) que se celebra o Dia do Pai, no dia que o calendário religioso atribui a S. José. Ou seja, para todos os efeitos, no dia do pai afectivo.
Sinceramente acho fascinante ler a história por este ângulo, que me enche de orgulho, porque nela está contida uma mensagem revolucionária, que deveria fazer abanar as ideias feitas e os preconceitos de tanta gente que continua presa à ilusão de que apenas o sangue ou os genes contam. A quantidade de sofrimento que poderia ter sido evitado, e pode vir a sê-lo, se entendermos a magia deste «clã», que tem sido tantas vezes venenosamente utilizado para pregar a intolerância.

Mas é «lição» de mais coisas. É lição da importância imensa que é dada ao pai, não ao pai autoritário, mas aquele que vira a sua rotina do avesso para proteger um filho (foge com Jesus para o Egipto), que se dedica a sustentá-lo e a educá-lo, e não menos importante, a ser o braço direito da mãe, em quem confia incondicionalmente (caramba, afinal Maria «apareceu» grávida de outro!), aceitando dividir com ela uma missão quase impossível.

Por isso aqui fica a minha sugestão: pendurem a imagem de S. José nos tribunais. Talvez assim se inverta a tendência para em 94% dos casos atribuir o poder paternal à mãe, abrindo a porta à exclusão do pai da vida dos seus filhos. Para não falar na ajuda que dava quando o que está em causa é a opção entre um pai só biológico, e um adoptivo que se dispõe a amar, mesmo que esteja ainda numa lista de espera.

Isabel Stilwell | editorial@destak.pt

Fonte: http://www.destak.pt/artigos.php?art=9158

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