quinta-feira, 19 de março de 2009

Pais modernos mostram "que o carinho e a ternura não têm rosto"

Pais modernos mostram "que o carinho e a ternura não têm rosto"

Regional2009-03-19 08:30

No Dia do Pai, que se assinala esta quinta-feira, são ainda muitas as fronteiras culturais e sociais que os pais modernos ultrapassam para entrarem em domínios que são considerados destinados apenas às mulheres, entre eles, a proximidade íntima e educativa com os filhos.(Com vídeo)
No século passado a figura do pai era vista como alguém ausente, autoritária, que sustentava a família e que apenas falava com os filhos para os castigar.

Actualmente, esta imagem parental tem vindo a ser desconstruída, progressivamente. De acordo com a socióloga Piedade Lalanda, "no século XXI, surge um pai amoroso e meigo e que cada vez mais reconhece a importância disso."

Contudo, a especialista também faz questão de realçar que estatísticas de alguns trabalhos recentes sobre a divisão das tarefas domésticas, mostraram que o peso dos pais que cuidam dos filhos e que ajudam em casa, não é ainda maioritário.

"Quando o pai entra no domínio de uma relação mais próxima com os filhos, que não seja a brincadeira, mas no que toca aos cuidados a prestar, como ir ao médico ou ir à escola e ver como é que está o andamento escolar dos filhos, verifica-se que estas tarefas são ainda maioritariamente ocupadas pelas mães", afirma.

Piedade Lalanda esclarece ainda que, confrontados entre escolher ausentar-se para ir à escola ou ter que trabalhar, provavelmente, muitos pais recusam faltar ao emprego e deixam a mulher a tratar desses assuntos.

Assim sendo, esta delegação da competência dos cuidados na mulher faz do pai uma figura ainda ausente, em relação a certos aspecto da vida dos filhos.

No entanto, "já se começa a constatar algumas modificações em relação aos pais ditos mais tradicionais e mais fechados sob o modelo de pai como sustento da família. É facto que isto tem vindo a mudar, mas ainda não é uma maioria", revela a especialista.

Hoje já é possível observar pais que não se deixam conduzir pelo velho estereótipo machista e que fazem questão de acompanhar os filhos desde a gestação, participando no seu desenvolvimento de forma muita activa.

A socióloga refere mesmo, que os pais devem acompanhar e partilhar a experiência da gravidez da mulher, pois "é um momento importante para construir a paternidade".

Contudo, a mudança da mentalidade não é vista em todos os pais... Provavelmente, só nos mais jovens que reconhecem a importância da proximidade com os filhos.

Desta forma, a sociedade está ainda a passar por um processo de desenvolvimento, em relação à entrada do homem no mundo íntimo da família.

A divisão das tarefas nos jovens já se vê, mas "socialmente ainda existe uma certa rejeição de que os homens têm perfil para cuidar das mulheres, dos idosos, das crianças, ou seja, do mundo da família", afirma Piedade Lalanda.

Contudo, hoje em dia, já ninguém contesta a importância da proximidade física e afectiva dos pais. "A ternura, o afecto e o carinho não têm rosto nem sexo, portanto, são atitudes de homens e mulheres", reivindica a especialista. Para a socióloga, o pai não deve ficar apenas associado à figura do castigo, mas também àquele que ajuda e apoia. Neste sentido, "o pai próximo é o pai que ocupa espaço na relação e no diálogo não para se impor, mas sim para partilhar."

"A paternidade é uma dimensão fundamental da relação humana e para a construção de um ser humano. Portanto, devemos olhar para esta data como uma oportunidade para analisar e reflectir sobre o tema do Pai", conclui Piedade Lalanda.

Rita Sousa / Teresa Franco / Rui Jorge Cabral

Fonte: http://www.acorianooriental.pt/noticias/view/181716

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