terça-feira, 11 de março de 2008

Recasamentos com maior frequência em Portugal

A incompreensão jornalística para perceber que o fenómeno da desigualdade de géneros continua a fazer-se sentir nas diferentes conjugalidades e recombinações familiares.
Como já foi aqui apresentado várias vezes, o actual sistema machista dominante na sociedade portuguesa reflecte-se nas várias dimensões do individuo, sendo as mais dramáticas as respeitantes às crianças/filhos. Com a reprodução do comportamento machista em que a mulher é reduzida à condição de mãe, a observação deverá ser de que os homens aquando da separação/divórcio têm mais facilidade em refazerem a sua vida sexual e afectiva do que a mulher, que quando com filhos, é reprimida a esse nível, bem como o profissional e o social (este último com o conhecido sentimento de culpa, típico da redenção cristã).
Também em resultado da cultura machista dominante a condição afectiva e social da mulher é sujeita a maior censura social e moral, pelo que é observável então a maior rapidez na recomposição conjugal do homem em relação à mulher.

Recasamentos com maior frequência em Portugal
alfredo cunha
Recasar é cada vez mais frequente


Helena Norte

Os homens lidam menos bem com a solidão do que as mulheres. Em caso de divórcio ou viuvez, eles casam mais do que elas e mais rapidamente. Embora longe da média de outros países, os recasamentos, em Portugal, já representam 13% do total de casamentos.

Mais tarde do que na Europa, como é costume quando o que está eu causa são transformações socioculturais, a tendência dos recasamentos (uniões em que pelo menos um dos cônjuges já foi casado) acabou por instalar-se em Portugal.

Os números são, porém, ainda menos expressivos do que no resto da Europa, onde a taxa de recasamento ronda os 20%, revela a mais recente edição Revista de Estudos Demográficos, do INE. Nos países do Norte da Europa constata-se, aliás, uma ligeira diminuição nesta prática.

Comparando a taxa de nupcialidade de divorciados e viúvos, verifica-se que é muito mais frequente entre os divorciados, o que se explica pelo ciclo da vida em que habitualmente tal situação se verifica.

Quanto ao género, os homens tendem mais a voltar a casar, embora se constate que a taxa de recasamento das mulheres também esteja a subir.

Sós e com os filhos

Homens e mulheres revelam percursos diferenciados após o divórcio. Elas costumam ficar mais tempo sós ou acompanhadas dos filhos, sendo que a probabilidade de nova união diminui com a idade e quando o nível de escolarização é baixo.

Embora o número de pessoas recasadas seja cada vez maior, tal não significa que tenham tendência para casar mais do que os solteiros, mas só que o número de divorciados na população geral tenha aumentado substancialmente nas últimas décadas, assinam as autoras do estudo "Recasamento tendências actuais".

A Europa foi palco, nos últimos 40 anos, de diversos fenómenos sociais, como o aumento da taxa de divórcios e das uniões de facto, o adiamento do casamento e da maternidade, bem como o aumento dos recasamentos.

A par destas tendências, assiste-se a uma quebra acentuada da natalidade que, conjugada com o aumento da esperança vida, tem como consequência a não renovação geracional.

Os dados mais recentes, referentes aos primeiros anos do século XXI, provam claramente que Portugal não está a inverter a situação. Assim, a dinâmica demográfica caracteriza-se pela "redução do saldo natural, provocada pela quebra da natalidade, por saldos migratórios positivos mas com tendência para baixar, e pelo agravamento progressivo do envelhecimento demográfico", de acordo com mesma publicação.

Apesar de tímido, o crescimento da população portuguesa decorre principalmente do fluxo migratório positivos dos últimos anos. Como o número de estrangeiros que escolhem o nosso país para residir tem vindo a desacelerar, os índices demográficos manifestam a mesma tendência.

Fonte: JN

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